Asgard - A saga dos nove reinos

Asgard - A saga dos nove reinos

2011-03-18 19:10


Natasha a vampira...

Natasha a vampira...
à espreita, esperando os desavisados...

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Erro Fatal

No jazigo, o silêncio macabro escondia fortes indícios de que mais alguém repousava naquela cova... do lado de fora... a chuva torrencial, as trovoadas, fizeram com que o ocupante daquele lugar acordasse cedo demais, seu sono leve fez com que o barulho lá de fora zumbisse em seu ouvido com límpida nitidez... os olhos antes cerrados, agora faiscavam e Raimond acordou de seu curto sono para uma nova refeição... refeição essa que ele queria que fosse bem cheia de emoções, a começar pelo medo, humm, ingrediente indispensável... logo depois viria a entrega com o desejo... e por final a lascívia terminando a mordida num doce sabor de luxúria.
Seu leito nem havia esfriado e ele forçosamente já estava de pé, demorou algum tempo com a última vítima, quase apaixonou-se e antes que isso acontecesse, na última mordida, esvaziou por completo a garota e conservou-a ao seu lado na cova para se lembrar do quanto era bela, o que não daria para admirar por muito tempo. Antes de se afastar, deu uma olhada na mulher e mecanicamente vestiu seu sobretudo, apesar de tudo, ainda tinha indícios de que fora linda... a morta ainda parecia estar com um ar doce e as maçãs do rosto ainda pareciam rosadas... sua beleza era quase angelical, sem muita cerimônia, Raimond deixou-a e partiu para a noite chuvosa... agora aquele lugar seria somente dela.
Na porta do mausoléu fitou a lua, a chuva grossa não dava trégua, parecia mesmo que o mundo acabaria naquele momento... o vampiro deixou o rosto na direção da lua para sentir a água, em vão, seu corpo não possuía mais nenhum tato, era como uma dormência permanente, o que não o deixava nem mais, nem menos infeliz, pois ao se deixar transformar ele sabia tudo o que enfrentaria na sua pós-vida, só não sabia que enfrentaria sozinho, fora enganado por sua senhora que o mordeu e o transformou como se estivesse fazendo um favor, e agora só a solidão o acompanhava, pois achando necessária, nunca reclamava disso e sentia-a da melhor maneira e com o melhor néctar que a noite lhe trouxesse brindando sempre à sua imortalidade.
Deu um passo e ganhou a calçada, uma das últimas ruas do cemitério, não precisou andar muito e logo avistou algo incomum, ao longe estava uma mulher sentada num túmulo aos prantos, ainda de longe Raimond observou o que ela fazia, chorando muito ela acariciava a foto da lápide, estranhou, ver humanos naquele lugar, tarde da noite e ainda por cima numa noite como aquela, torrencialmente chuvosa, era no mínimo loucura, pelo que notou ela não era do tipo gótica, não via prazer naquilo, ela era diferente, o vampiro notou mesmo muito sentimento naquelas lágrimas, apesar de sentir algo estranho, aproximou-se.
Em silêncio e quando estava a mais ou menos um metro dela, começou a falar:

- O que faz uma jovem a estas horas, neste lugar? - falou Raimond mansamente.
- O quê? - o susto foi tão grande que ela se virou muito rápido e caiu sentada ainda no túmulo, olhando-o com espanto.
- Calma! Não precisa se assustar... - Raimond estendeu a mão para ajudá-la a se levantar.
- Então... o que aconteceu para você estar trancada dentro do cemitério desse jeito? - continuou o vampiro.
- E você? O que faz aqui? - rebateu a mulher.
- Eu? Humm... isso é uma longa história... - completou Raimond com jeito simpático.
- Bom... é que meu namorado... está... bem aqui! Neste túmulo! Depois da trajédia minha vida não foi mais a mesma... não me conformo! - explicou tristemente a garota.
- E o que você quer fazer? - perguntou curioso já com malvadas intenções.
- Eu... quero ir junto com ele... eu quero morrer... - falou abraçando o vampiro.
- Então... seja feita a sua vontade!!

Ao terminar de falar Raimond mordeu-a no pescoço, a mulher não se debateu, pelo contrário, agarrou-se a ele e deixou-o sugar seu sangue, o vampiro estranhou tanta entrega, logo pensou que ela estava mesmo decidida a se entregar nos braços da morte e continuou; De repente Raimond soltou-a meio tonto e viu nas feições da mulher um ar de vitória, sua garganta estranhamente queimava e uma fumaça acinzentada começou a sair de seus olhos e boca... desesperado, Raimond pôs as mãos no pescoço, a agonia crescia gradativamente e seu espanto foi maior quando a mulher tirou a capa evidenciando seu traje de freira, serenamente ela sorria e ainda escutou quando a irmã falou...

- Volte para o lugar de onde veio, cria do demônio... seu grave erro foi seduzir minha pobre irmã, não sei como ela caiu no seu encanto, mas algo dentro dela dizia que era errado e ela me procurou... sei de tudo sobre você, e minha irmã agora descansará em paz, sofra com seu erro... (o vampiro em agonia morria devagar e ela continuou... ), o que te queima é a minha fé... minha grande e pura fé que tenho na santa trindade... eu sei que não serei igual a você, para isso eu teria que beber do teu sangue impuro...
demorei a chegar em você... (nesse momento o vampiro terminou de se desfazer restando somente uma gosma horrivelmente fétida e a freira ainda continuou falando.), sei que minha irmã está morta, cheguei tarde para salvá-la, mas como tantos outros você não fará mal a mais ninguém.


A irmã Clara levantou a cabeça e lágrimas de felicidade rolaram por sua face.


- É mana... após meses do teu sumiço consegui encontrar o maldito e o vi derreter até o final... ele pagou... mas não vou parar agora, não por vingança e sim por justiça.


Antes de ir até o mausoléu de onde o vampiro tinha saído, a freira pegou um frasquinho da bolsa e espirrou no pescoço, as perfurações que o vampiro tinha feito viraram cicatrizes, mais duas pequenas cicatrizes, marcas que ela nunca conseguiria retirar e muito menos esquecer.
Dirigiu-se ao mausoléu e conferiu o corpo dentro da cova, era o de sua irmã, logo imaginou que ele tivesse gostado dela, pois não a matou de imediato, mas como todo mal ainda é cruel, não importa o quanto demorou, sua irmã acabou tendo aquele triste fim... com toda dor, Clara abandonou o cemitério andando como uma simples vítima na madrugada escondendo a recente mordida sob a capa.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Arrependimento

Andando pela madrugada, Leslie ficava atenta a tudo e procurando por algo... continuava a caminhar nas ruas frias de Nova York, comida não queria já havia se alimentado e muito bem, tanto que até desperdiçou o último gole, pensou no desperdí­cio mas enfim já estava saciada, largando os corpos à margem do lago foi andando, queria encontrar algo... algo que de alguma forma a chamava... Seguiu seus instintos, nem o cheiro pútrido dos esgotos a confundia, seus caninos brilhavam, a lua estava grande no céu, para muitos namorados a hora ideal de se amarem, mas para ela era inspiração, e a hora exata de encontrar o alguém que há muito tempo esperava.
Parou em frente a uma boate, as escadas escuras convidaram-na para uma noite agitada, o local estava cheio e tudo alí­ cheirava a bebida e cigarro e... sexo, coisas que há muito tempo não mais incomodavam, desceu e entrou pela portinha de vidro, o lugar pareceu pequeno do lado de fora, mas a surpreendeu por dentro, estava lotado, pessoas se amontoavam no salão, a música forte fazia todos ficarem ouriçados e desatentos, pensou na última refeição que teve ha uns quatro quarteirões atrás, alí­ a comida era abundante e jovial, não que as prostitutas estivessem em más condições, afinal, sangue é sempre sangue.Andou um pouco no meio do povo que pulava e gritava, Leslie achou aquilo muito engraçado, tem horas que a raça humana deixa um pouco a consciência de lado, investigando a mente de alguns ela constatou que o que os mantinham alí­ era a chance de sexo fácil, deprimente até o que alguns pensavam, continuou seguindo e no canto escuro da boate sentiu a presença dele, andou mais alguns passos e ficou de frente a ele, Lucian, fitando-o.

- Ora ora, finalmente o achei. - disse Leslie sorrindo.
- Não sabia que estava me procurando.. . - respondeu Lucian sarcasticamente.
- Porque você sumiu? porque não falou comigo? porque não me procurou?... porque você tem tanto medo? -Ao mesmo tempo que falava, ela puxou a cadeira empurrando a garota que o acompanhava e sentando-se em seguida olhando-o friamente, a garota quis reclamar, mas o olhar de Lucian de reprovação a impediu.
- Vamos Lucian, estou esperando, quero uma explicação. -ordenou a vampira.
- Sua protegida não te faz mais tanta falta? - instigou Lucian.
- Minha protegida... hum, não entendi porque fez aquilo, porque teve que matá-la? seria ciúme?
- Ciúme minha cara? Não confunda ciúme com vingança!
- Gosto do seu tom de voz... - terminou Leslie.

Todos alí­ nem sabiam o que os aguardava, Leslie estava se controlando, mas se não pudesse mais sabia que iria partir pra cima de Lucian e aquele lugar ficaria destruí­do em minutos, de repente era o que ele contava que acontecesse, de alguma forma ele queria que a vampira se revelasse... Leslie por sua vez, ainda gostava de Lucian, seu pupilo, mas que não havia aprendido nada do que ela ensinara, a marca disso tinha sido a pequena Helena, somente sete anos, mas que a sede do vampiro novato não tinha deixado escapar, e à beira da morte Leslie achou a garota e ficou com ela, no iní­cio para talvez expiar o erro de seu filho da noite, e depois por afeição.
A vampira ensinou tudo o que Helena precisava aprender e depois de um tempo juntas seu pupilo havia retornado pedindo perdão e um abrigo, ela mesmo não acreditando em seu arrependimento por haver fugido acolheu-o e num descuido da vampira Lucian despedaçou a garota e depositou-a dentro do próprio caixão de Leslie e fugiu novamente... agora alí­ naquele lugar, toda raiva se aflorava ao pensar na garotinha, pois mesmo sendo uma vampira, ela nunca matava por matar, somente para saciar sua sede e somente do sangue mais vil da raça humana, a escória, prostitutas e bandidos eram seu banquete.

- Porque faz isso... porque quer tanto se mostrar? - continuou secamente a vampira.
- Porque eles tem que saber que são somente gado, refeição e respeitar os verdadeiros predadores.. . eles tem que saber quem estão no topo da cadeia alimentar de verdade. - respondeu Lucian entredentes e raivoso.
- Eu também tive essa rebeldia um dia, e passou, como eu esperei que acontecesse contigo, mas estou vendo que você não tem jeito, não dá pra continuar fechando os olhos pras suas burradas Lucian... pelo caminho eu vi vários de seus erros, humanos vivos, mordidos, sabendo demais sobre nós... não sei o que fariam com essa informação, mas isso é uma coisa que não deve acontecer.
- Será que você encontrou todas as ví­timas "mamãe". - completou ironicamente.
- Bom, se não tiver encontrado também não faz mal, eu te dei o dom da vida eterna, erradamente. .. agora eu sei, mas não te dei o dom de transformar alguém, acha que eu seria descuidada a esse ponto?

O vampiro franziu a testa não sabia disso, agora tinha ficado enfurecido demais, pois Lucian pretendia formar o seu exército particular de mortos-vivos, queria assolar a face da terra com sua maldição, e pensou que estivesse conseguindo. .. por sua vez Leslie notou que havia tocado num ponto vital, e achou graça na cara de ódio que agora seu pupilo lhe mostrava.

- Quer dizer que você queria fazer seus próprios filhos das trevas? - indagou Leslie num tom sarcástico e continuou. - Não Lucian querido, não te dei essa chance sabe porquê? Pra não acontecer contigo o que está agora acontecendo comigo, ter que eliminar um filhote rebelde e sem respeito nenhum para com sua senhora...
- Grrrr... sua vadia! Porq... - O vampiro com raiva falou salivando.
- Tsc, tsc, tsc... tadinho... Os dois ficaram se olhando por algum tempo, sem nada falarem, por dentro Lucian espumava de ódio da vampira e Leslie aguardava somente um momento para decidir o que faria, a boate estava lotada e seriam muitas as testemunhas, ela náo queria entregar sua verdadeira natureza alí­ no meio de tanta gente, achava que os humanos não estavam preparados para tal revelação e nunca estariam na verdade, pois nunca aceitariam a condição de serem somente alimento para seres de sua espécie e com isso viriam mais caçadores e mortes desnecessárias, derramamento de sangue sem precisão, na sua concepção, estava muito bom como estava, eles seres noturnos se escondendo no véu das trevas e os humanos nunca teriam seu conhecimento como até agora estava sendo.
Do balcão a garota que acompanhava Lucian estava indignada por ter sido retirada tão abruptamente de seu lugar, mal sabia que Leslie havia salvo sua vida, e olhando os dois de onde estava ficou torcendo para que a vampira levantasse e fosse embora... Leslie vendo que Lucian não estava se importando com nada, percebeu que ele iria se levantar e começar uma batalha alí­ mesmo no meio de todos e de repente, rápida como um raio segurou sua mão com força impedindo-o de se levantar, sentou-se ao seu lado e segurando-o forte sussurrou...

- Se eu fosse você ficaria quietinho, não teste minha paciência Lucian, tem muita gente aqui mas nada me impede de acabar com você aqui mesmo, e então o que vai ser? Vamos sair?

O vampiro parou de se debater e levantou-se junto com sua senhora, caminhou alguns passos e de repente tudo ficou escuro novamente, a música havia recomeçado, Lucian tentou se soltar, a vampira vendo que não tinha jeito, abraçou-o forte, ele percebeu o que ela faria e tentou chamar atenção, Leslie calou-o com seu beijo, a garota do balcão ficou com tanta raiva que pegou a bolsa e saiu em disparada e deixou-o aproveitando seu momento, pensou ela, e Leslie continuou, enquanto o beijava e o dominava, uma lágrima molhava sua face... dentro dela doí­a ter que fazer aquilo com um pupilo tão querido, beijou-o longamente e quando Lucian já estava com a mente em seu poder ela finalizou o beijo e olhou bem dentro de seus olhos, no fundo deles ela viu algo parecido com um arrependimento finalmente, mas já era tarde, Helena estava morta e nada mudaria isso, ainda abraçado à ele Leslie afastou a gola de sua camisa e chegou com os lábios em seu pescoço gélido, mordeu, seus caninos entraram macios na pele do morto-vivo e doeram em seu coração, ou algo parecido com isso, mas ela continuou e sugou seu sangue até que seu corpo não aguentasse mais e fosse se desfazendo, ao redor ninguém notava, a bebida e o êcxtase eram tantos que passaram despercebidos até o final, quando terminou Leslie confundiu-se na multidão e sumiu, mas com uma certeza, nunca mais faria uma transformação novamente.

Beijos Eternos
Nat Vamp.